Ebergia eólica ganha espaço nas fazendas norte-americanas
Energia eólica ganha espaço nos EUA/Foto: -chad Johnsson

Em matéria publicada na sexta-feira, 12 de junho, o jornal norte-americano The New York Times (NYT) destacou o crescimento da energia eólica nos Estados Unidos, consequência do investimento feito por agências governamentais no setor. Até então, esses órgãos federais controlavam exclusivamente as hidrelétricas, que apesar de fornecerem eletricidade barata e desprovida de combustíveis fósseis, acabam causando outros impactos ambientais caso não sejam corretamente instaladas. Com o advento da matriz energética oriunda dos ventos, ambientalistas engrossam o coro pelo fim das hidrelétricas.

A extinção dos peixes é um dos principais fatores levados em conta quando o assunto é a possibilidade de que as hidrelétricas sejam desmontadas. Nos Estados Unidos, a energia hídrica é responsável por 6% da geração de eletricidade – o dobro da quantidade gerada pelas demais fontes renováveis, como as provenientes do vento, do sol e da biomassa. No país, a agência do governo Bonneville Power Administration se destaca quanto à produção de energia eólica. Curiosamente, a companhia também controla hidrelétricas.

As linhas de força da Bonneville transmitem a maior parte da eletricidade para a região oeste dos Estados Unidos, junto ao Pacífico. De acordo com a matéria publicada no NYT, a agência também é responsável por um terço do suprimento de energia da região, fornecida em sua maior parte por geradores de grandes hidrelétricas.

Ambientalistas clamam pelo fim das hidrelétricas
Ambientalistas querem o fim das hidrelétricas/Foto: grendelkhan

A quantidade de energia eólica do sistema de transmissão da companhia quadruplicou entre os anos de 2006 e 2009, e a tendência é a de que esse número dobre até 2012. Só para se ter ideia, mais de 90% da energia de Seatle vem de fontes renováveis.

Grupos ambientalistas têm aproveitado o sucesso do sistema eólico da Bonneville para reforçar o argumento de que as indústrias hidrelétricas controladas pela agência devem ser desmanteladas, principalmente as situadas próximas ao rio Snake, no estado de Washington, onde suas instalações contribuíram diretamente para que uma das maiores populações de salmão selvagem da América do Norte fosse dizimada. Entretanto, a companhia quer manter as hidrelétricas, sob o argumento de que elas fornecem energia barata e podem servir de complemento para a geração energética proveniente do vento.

Queda de braço

De um lado, a Bonneville sustenta que quando o vento perde velocidade e a produção de energia cai, as hidrelétricas podem compensar rapidamente, bastando avisar o Corpo de Engenheiros do Exército e o Departamento de Reclamações, que operam as hidrelétricas, para liberar mais água dos reservatórios e fazer girar os geradores gigantes. “No espaço de uma hora, a potência do vento pode cair do máximo para o zero”, justificou Stephen J. Wright, administrador da agência.

Já ambientalistas, pescadores e alguns políticos locais reivindicam que a Bonneville instale mais geradores eólicos nas fazendas e desmonte as hidrelétricas, que não seriam necessárias para complementar o serviço prestado pelas turbinas eólicas. Eles lutam durante décadas na tentativa de salvar o salmão ameaçado da região. De acordo com biólogos, as grandes represas criadas ao longo das décadas, assim como as barragens que foram construídas, retardaram e complicaram a jornada do salmão, e reduziram drasticamente suas taxas de sobrevivência.

Administradores da Bonneville argumentam que as hidrelétricas dão suporte a eólica
Bonneville argumenta que as hidrelétricas darão suporte a energia eólica /Foto: Stefan Gara

Com o suporte financeiro do governo Obama (cerca de US$ 7,7 bilhões), a Bonneville promete colocar em prática a realização de um projeto de transmissão de US$ 246 milhões ao longo do rio Columbia, com desenvolvedores instalando mais turbinas eólicas em outras áreas do leste de Oregon. Será o suficiente para amenizar as pressões dos setores da sociedade norte-americana insatisfeitos com os impactos ambientais causados pelas hidrelétricas? Só o tempo dirá.

Brasil

Descontadas as reservas florestais e as cidades, onde as turbinas eólicas não podem ser erguidas, o potencial brasileiro de produção de energia proveniente dos ventos é de 30 mil megawatts (MW), o equivalente a potência de duas hidrelétricas do tamanho da Itaipu. No entanto, como desconsidera os fatores já citados, o Ministério de Minas e Energia considera que o Brasil pode gerar 143 mil MW – o que corresponderia a um terço do total de energia elétrica do país.

Apesar de avançar em relação ao desenvolvimento da energia eólica, o Brasil ainda subutiliza o potencial desta fonte renovável. Atualmente, o país conta com apenas 218 MW de capacidade instalada em parques eólicos distribuídos pelo Ceará, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. O maior deles está no município gaúcho de Osório, que produz 150 megawatts. Por aqui, a dependência da matriz hídrica ainda reina soberana: 77,4% do total da energia elétrica brasileira vêm deste setor (apenas Canadá e Noruega chegam a níveis semelhantes). Detalhe: o governo brasileiro pretende construir 21 hidrelétricas até 2018.

Países com maior participação eólica no consumo de energia elétrica – em porcentagem total:

1º Dinamarca – 21,4%
2º Espanha – 8,8%
3º Portugal – 7%
4º Alemanha – 7%
5º Índia – 1,7%
6º Inglaterra – 1,5%
7º Itália – 1,3%
8º Estados Unidos – 0,8%
9º França – 0,7%
10º BRASIL – 0,23%

*Com informações retiradas de EcoDesenvolvimento.

             
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