O Chevrolet Volt vem sendo aclamado como o salvador elétrico da General Motors. Agora, quando a GM começa oficialmente a vender o Volt ao público, soubemos que a informação sobre o consumo de combustível foi equivocada, e que a GM “mentiu” sobre o carro ser totalmente elétrico.

No começo, baseados nas declarações da GM, fomos tão longe a ponto de chamar o Volt de “Carro Jesus” da GM. E por que não o chamaríamos assim? Disseram que o Volt conseguiria um consumo de 97 km/l e sempre usaria o motor elétrico para mover as rodas – usando somente o motor a gasolina como um “prolongador de autonomia” ao recarregar as baterias. Agora parece que não apenas o dado de consumo estava equivocado: o motor a gasolina será o principal impulsionador dos carros – o que faz do Volt nada além de um carro híbrido avançado, levando alguns jornalistas a afirmar que a “GM mentiu para o mundo”.

Antes de mais nada, vamos falar sobre economia de combustível. Em agosto do ano passado ouvimos o então CEO da GM, Fritz Henderson afirmar, diante de todo o marketing que se pode reunir em um evento, que o Chevrolet Volt conseguiria um consumo de 97 km/l em condições de trânsito urbano. Agora como o Volt está sendo testado pela imprensa automotiva, estamos vendo alguns dados de consumo surpreendentemente baixos altos em relação àqueles tão divulgados sobre o modelo.

Vamos ver o que eles descobriram.

A revista Popular Mechanics viu somente 16 km/l em trajeto urbano. A edição norte-americana da Car and Driver aparentemente não quis usar seu tempo com o carro para dirigir na cidade – mas veja o que descobriram ao rodar com o motor elétrico:

“… na rodovia e acompanhando o fluxo do tráfego a 120 km/h o consumo foi de 11 km/l; uma volta mais inspirada em uma rodovia secundária resultou em 13,2 km/l e um passeio cuidadosamente modulado abaixo de 95 km/h elevou o dado a quase 17 km/l.”

A revista Motor Trend, assim como o resto – exceto a Popular Mechanics – parece não ter feito teste algum em condições urbanas, mas descobriu que:

“sem recarga alguma (uma esticada até a casa da vovó no fim de semana) o consumo fica entre 17 e 20 km/l.”

Eles tambem repetiram enfaticamente a marca de 10-20 km/l de consumo totalmente elétrico (uma decepção se comparados aos 97 km/l originalmente anunciados) dizendo que o Volt roda de 10 a 20 km/l com funcionamento totalmente elétrico em condições reais, não importa o quanto você exija dele.

Mas ainda que ele consiga somente 10% da marca inicialmente divulgada, esse quadro mais realista é um mero exagero. O maior problema é que, como o Sr. Oldham afirma, a GM mentiu sobre o trem de força.

Desde que o Volt foi revelado como um carro conceito, os engenheiros da GM, a equipe de relações públicas e os executivos todos disseram que o motor de combustão interna não moveria as rodas. Do contrário, o Volt seria nada mais que um híbrido muito avançado. Mesmo no final do desenvolvimento do carro, nos foi dito que o único motor que moveria as rodas seria o elétrico. A imprensa automotiva mordeu a isca. Sam Abulesmaid do Autoblog chegou a escrever um artigo entitulado “Repita conosco: o motor a gasolina do Chevrolet Volt não acionará as rodas!” E por que não cairíamos se era o que o engenheiro chefe do Volt dizia nos chats:

“você está certo sobre o motor elétrico sempre mover as rodas, enquanto em um híbrido comum o motor elétrico e o motor a gasolina podem mover o carro. A maior vantagem de um veículo elétrico de autonomia estendida como o Volt é a autonomia elétrica incrementada e a autonomia total combinada.”

Isso significa que o motor a gasolina não deveria ser nada além de um gerador, um “prolongador de autonomia” projetado para carregar as baterias que permitiriam que o motor elétrico continuasse a mover o carro – e deixaria a GM dizer que o Volt seria algo diferente, algo novo, algo que valesse os dólares do contribuinte.

Acontece que isso não é certo. Agora soubemos da equipe de engenharia do Volt que, quando o conjunto de baterias de íons de lítio descarregar e, em velocidades próximas ou acima de 110 km/h, o motor a gasolina do Volt irá mover diretamente as rodas dianteiras junto com os motores elétricos.

No fim das contas, todo aquele hype sobre o veículo elétrico de autonomia estendida não passa de um híbrido recarregável. Um híbrido recarregável bem avançado, mas acima de tudo um híbrido. Isso é suficiente para que o Sr. Oldham diga que a GM mentiu para o mundo e depois diga que o elétrico Nissan Leaf (nota de esclarecimento: o irmão do Sr. Oldham trabalha na Nissan) é a única opção de carro elétrico.

É o suficiente para imaginarmos por que raios a GM colocou o número 97 km/l (230 MPG) acima de tudo e por que eles simplesmente não jogaram limpo sobre o motor quando pedimos uma resposta direta.

 

Por Ray Wert em Jalopnik – o blog para “Obcecados por carros”. Sempre de forma irreverente e direta, traz matérias para quem ama o mundo dos automóveis e, como não poderia deixar de ser, trata também dos elétricos e híbridos que prometem revolucionar o transporte.

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 é o criador do eco4planet, formado em Administração de Empresas pela USP, desenvolvedor e gamer. Otimista nato, calmo por natureza, acredita que informação pode mudar o mundo e que todo pequeno gesto vale a pena. Posta também no Twitter e Facebook.
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