Resíduos descartados até mesmo da reciclagem viram energia elétrica
Resíduos descartados na reciclagem são transformados em combustível para gerar energia/Foto: Fabiane 13

Transformar os resíduos que compõem o lixo em energia elétrica é uma boa alternativa para minimizar os problemas ambientais e de saúde, causados pelos aterros e lixões. Esta prática incomum de produção energética busca, ao mesmo tempo, suprir a demanda da população, que geralmente recorre às fontes não-renováveis, como o petróleo. Transformar os materiais descartados na reciclagem em combustível é uma realidade bem próxima de ser concretizada no Nordeste brasileiro.

Para viabilizar o projeto, o engenheiro civil e ambientalista Joacir Lameu, da Recife Energia, uma das primeiras usinas para tratamento térmico de lixo do país, pretende implantar a iniciativa nos municípios de Porto Seguro e Eunápolis, ao Sul da Bahia, em parceria com as prefeituras locais, que lucrariam com a venda da energia por meio de um consórcio.

Segundo Lameu, ao contrário dos projetos de aterro para utilização de biogás (obtido a partir do metano), o consórcio vai queimar o lixo que não for aproveitado na reciclagem ou que servir para fazer compostos orgânicos, como adubo. “Esta tecnologia existe no mundo há mais de trinta anos, mas no Brasil sempre se pregou que o ideal seria enterrar o lixo, o que não é mais feito em países europeus”, explicou.

Para o engenheiro, o processo de transformação dos resíduos em energia é simples: “Você usa o lixo como se fosse um combustível para gerar vapor e com o vapor se faz a força motriz”. Ele apresentou as tecnologias já existentes para a execução do processo aos prefeitos Gilberto Abade (PSB), de Porto Seguro, e Robério Oliveira (PRTB), de Eunápolis, que se mostraram interessados em oficializar um consórcio entre os dois municípios e a empresa.

Modelos

Atualmente, mil toneladas de lixo são transformadas em combustível derivado de resíduo (CDR) todos os dias, na Recife Energia, o que possibilita alimentar a usina com potência instalada de 24 megawatts – capaz de abastecer uma cidade com 80 mil habitantes. O projeto já está em implantação em Montes Claros (MG), Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte. Na capital mineira, o governador Aécio Neves tornou obrigatório o aproveitamento energético do lixo.

“Teremos um país imune de lixões e aterros, que possa deixar para gerações futuras um legado mais ambientalmente correto”, finalizou Lameu.

Porém…

Tudo parece muito bom (ao ponto de gerar perguntas como “porque ninguém pensou nisso antes”), porém talvez tenha sido pensado e descartado por um motivo: se os materiais a serem queimados não forem cuidadosamente definidos esse processo pode liberar compostos como o monóxido de carbono, anidro sulfuroso e ácido clorídrico, este resultante da queima de plásticos (PVC) ou embalagens de leite ou cartões plastificados. Outros produtos derivados da incineração são as dioxinas e furanos (em escalas preocupantes), chumbo, cádmio, arsênio e cobre, sendo esses últimos encontrados em madeiras de demolição em concentrações centenas de vezes superiores às das madeiras virgens. Além da poluição do ar, o rejeito sólido produzido ainda poderá carregar os compostos poluentes ao solo, se descartados de maneira incorreta.

Será que estão sendo tomadas “as devidas precauções”?

*Com informações do Radar 64, no site do movimento Ação Ilhéus. via EcoDesenvolvimento. e informações do Instituto 5 de Junho.

             
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