O sexo das tartarugas marinhas, diferente de outros seres do reino animal, é determinado pela temperatura em que o ninho se encontra. Com aumento da temperatura em nível global, quase 99% dessas tartarugas estão se tornando fêmeas nas últimas décadas, de acordo com um relatório do Current Biology publicado há poucos dias. As temperaturas do mar e do ar em áreas de nidificação têm aumentado constantemente nos últimos 50 anos, afirma o relatório, levando os autores a concluírem que as mudanças climáticas são responsáveis.

Como muitas espécies de répteis, as tartarugas marinhas não possuem cromossomos sexuais específicos. “Os ovos, quando são colocados, podem se tornar masculinos ou femininos”, explica a bióloga Jeanette Wyneken da Florida Atlantic University, que também estava envolvida na pesquisa. Seu sexo é, em vez disso, determinado por fatores ambientais – no caso de tartarugas marinhas, a temperatura a que estão expostas no ninho.

Temperaturas mais quentes produzem fêmeas e temperaturas mais baixas produzem machos. (…) à medida que as áreas se tornam mais quentes, há menos machos produzidos, (…) e é isso que este artigo está mostrando”, explica Wyneken

De fato, esse estudo revela que as tartarugas masculinas do Norte da Grande Barreira de Corais estão se tornando cada vez mais raras.

A equipe fez essa descoberta depois de analisar centenas de tartarugas verdes (Chelonia mydas) de diferentes idades em suas áreas de forragem na Grande Barreira de Corais. Uma vez que uma tartaruga bebê sai do ovo, ele se dirige para o mar onde passa vários anos no oceano aberto. Com cerca de quatro anos de idade, a tartaruga se dirige às áreas de alimentação, como um recife, onde permanece até atingir a maturidade sexual (aproximadamente 25 anos de idade). 

Em seguida, migra para a sua área de nascimento para acasalar e, no caso das fêmeas, colocar ovos – às vezes na própria praia em que ela mesma nasceu. Tão forte é essa fidelidade ao lar que as populações de tartarugas de diferentes origens raramente se cruzam. As populações de tartarugas do norte da Grande Barreira de Corais diferem das tartarugas do sul da Barreira do Arrecife de tal forma que foi possível aos pesquisadores distingui-los por análise de DNA.

A equipe coletou amostras de sangue de 411 animais para determinar o sexo (por análise hormonal) e origem (por sequenciamento de DNA). A idade aproximada de cada tartaruga também foi estimada a partir de medidas corporais.

Enquanto a população de tartarugas do sul exibiu um viés feminino razoavelmente consistente entre 65% e 69% em diferentes faixas etárias, a população do norte apresentou tendência muito maior para o sexo feminino. Das tartarugas adultas do norte coletadas, 87% eram do sexo feminino. E entre as tartarugas do norte juvenil e sub-adulto coletadas, 99% eram do sexo feminino.

Você pode ver a mudança ao longo do tempo: um macho para cada sete fêmeas nos adultos, e um macho para 116 fêmeas em tartarugas juvenis”, diz a co-autora do estudo, Camryn Allen.

Allen chega a esta conclusão a partir das temperaturas registradas do ar e do mar de um dos locais de nidificação da população do norte de 1960 a 2016. Estes dados mostram que, enquanto as tartarugas, agora adultas, teriam sido incubadas em temperaturas próximas de 29,3 Celsius (temperatura a que a proporção de sexo é de 1: 1). Nas últimas décadas, quando os juvenis e sub adultos foram incubados, as temperaturas eram consistentemente maiores.

Os resultados são correlativos e não definitivos, diz Jensen, mas são “preocupantes”. Wyneken concorda: “Se nada mudar, então vai ser um problema”, diz ela.

A boa notícia é que existem estratégias que podem ser aplicadas para esfriar as praias de nidificação do norte quente, diz Allen, como sombrear os ninhos e aspersão com água.

“Essas medidas são apenas “band-aids”, diz Wyneken. “Não podemos superar as temperaturas crescentes para sempre sem fazer um esforço a longo prazo para consertar as coisas que estão causando isso “.

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 é formado em biologia e especialista em ensino de ciências e matemática. Ama aprender e ensinar. Professor de Ciências que respira natureza e ama todos os calangos do planeta! Tem um canal de Youtube.
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