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O aspartame provoca câncer? Você provavelmente escutou que isso é possível.

E o fato de a PepsiCo ter removido o adoçante artificial da Pepsi Diet sugere que tem algo estranho aí.

As novas latas de Pepsi Diet dizem que a bebida é “agora livre de aspartame”, uma afirmação provavelmente pensada para acalmar os consumidores que citam o aspartame como motivo para reduzir o consumo da bebida.

Independentemente de a medida adotada pela PepsiCo elevar ou não as vendas do refrigerante dietético, que estão em queda, trata-se uma decisão baseada mais em marketing do que na ciência.

Décadas de pesquisas não chegaram a evidências verossímeis de que o aspartame seja prejudicial para os seres humanos nas quantidades que os fãs de refrigerantes dietéticos estão propensos a consumir.

Uma pessoa teria que tomar cerca de 20 latas de refrigerante dietético por dia para atingir o limite diário recomendado pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) para o aspartame e mesmo essa quantidade representa apenas 1 por cento do nível que levantou preocupações de saúde em ratos de laboratório, segundo a Sociedade Americana do Câncer.

Esse grupo, o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos e a Agência de Padrões Alimentares da Grã-Bretanha estão de acordo em que o consumo de aspartame é seguro.

Algumas pessoas acreditam no que querem, independentemente do que dizem as evidências.

Outras querem fazer boas escolhas sobre o que comem, mas a informação necessária para tomar essas decisões é uma cacofonia de afirmações muitas vezes conflituosas de marqueteiros, acadêmicos, ativistas e mídia.

Os consumidores podem ficar exaustos tentando avaliar os riscos dos organismos geneticamente modificados, do BPA, da carne de animais engordados com antibióticos ou imaginando se as chamadas goji berries os ajudarão a viver mais tempo.

A evidência pode variar de um disparate completo a um consenso sólido – e muitos degraus entre esses dois níveis. Mas é possível, com um entendimento básico de ciência nutricional e um pouco de esforço, tomar decisões racionais baseadas na ciência, e não em especulação, marketing ou propaganda. Aqui publicamos um guia para pessoas sensatas.

 

Seja cético

É preciso ser especialmente cético em relação a afirmações sobre os alimentos.

Os medicamentos são testados em estudos duplo-cego controlados com placebos para medir os efeitos da droga isolada de outros fatores que poderiam distorcer os resultados.

Isso é basicamente impossível na nutrição. “Para testar esse tipo de coisa, você teria que colocar pessoas sob vigilância metabólica fechada por décadas”, disse a professora de nutrição da Universidade de Nova York, Marion Nestle, que também escreve sobre alimentos.

A maior parte da ciência nutricional é observacional, o que significa que os pesquisadores monitoram as pessoas ao longo do tempo.

Os estudos podem tentar controlar outros fatores, como se as pessoas que comem mais vegetais também são mais propensas a fazerem exercícios. Mas as evidências desse tipo de pesquisa são inerentemente mais frágeis do que os testes de controle randômicos.

 

Busque consenso científico

Qualquer artigo pode induzir ao erro. Pequenos estudos ou experimentos de curta duração são especialmente propensos a confundir a variação aleatória do significado.

Foi assim que um provocador, usando resultados de estudos válidos, enganou alguns repórteres fazendo-os escrever que o chocolate ajuda na perda de peso. “Se parecer fantástico, é provável que seja fantástico”, diz Nestle. “Isso elimina imediatamente as grandes descobertas”.

 

Pense na origem dos alimentos

Só porque o aspartame não provoca câncer não quer dizer que a Pepsi Diet seja uma opção saudável.

A evidência sugere que ela provavelmente seja melhor do que o refrigerante de cola com adição de açúcar. Mas se você realmente quer uma dieta saudável, os refrigerantes não deveriam ter um papel muito importante nela.

“O aconselhamento dietético básico diz para comer muitas frutas e muitos vegetais, comer alimentos de origem animal em menores quantidades e reduzir a chamada junk food”, diz Nestle. “Todo esse negócio de cores e sabores artificiais são indicadores de junk food”.

 

por John Tozzi, da Bloomberg em EcoD
foto: Luiz Henrique Varga Assunção/Flickr/CC

             
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