Foto de um aterro sanitário. Fonte: Wikipédia

Uma nova tecnologia empregada em um Centro de Processamento de Lixo na cidade de Ituporanga, em Santa Catarina, promete eliminar a necessidade de utilizar os aterros sanitários.

Com a separação dos materiais recicláveis, o sistema permite a obtenção de novas matérias-primas e adubo. O projeto é resultado de uma primeira invenção voltada para a área rural, que trata os dejetos de suínos.

A questão do lixo está diretamente ligada ao modelo de desenvolvimento em que vivemos, vinculado ao incentivo do consumo. Antes do processo da Primeira Revolução Industrial o lixo produzido nas residências era composto basicamente de matéria orgânica, dessa forma era fácil eliminá-los, bastava enterrar. Além disso, as cidades e população eram menores.

Mais tarde, com o crescimento em escala mundial da industrialização e com o acelerado aumento da população e dos centros urbanos, houve um aumento significativo na quantidade de lixo e variedades em suas composições. Atualmente, quando compramos algo no supermercado, o lixo não é apenas gerado pelo produto em si, pois além da etapa de produção (cultivo, extração de minérios, transporte, energia), ainda há o cupom fiscal e a sacolinha recebidos pelo consumidor final.

Nas cidades que contam com serviços de coleta do lixo, esse é armazenado em lixões nos quais os dejetos ficam expostos a céu aberto ou em aterros sanitários onde o lixo é enterrado e compactado em um sistema mais complexo e se bem construído, bastante funcional.

Os lugares que abrigam os depósitos de lixo geralmente estão localizados em áreas afastadas das partes centrais do município, e essa é uma das diferenças entre os aterros tradicionais e o Centro de Processamento de Lixo que usa a tecnologia criada pelo empresário Dirnei Ferri, em Ituporanga. O Centro está sendo projetado para reduzir ao máximo o número de pessoas que entra em contato com os resíduos e poderá ser instalado em lugares mais próximos dos locais de geração, pelo seu baixo impacto ambiental, por não gerar mau cheiro e nem permitir a proliferação de possíveis causadores de doenças.

O lixo que chega no Centro vai para uma linha de triagem, onde são retirados alguns tipos de materiais recicláveis, e o restante segue para a compostagem, onde será transformado em adubo. O principal ganho do projeto é a retirada dos plásticos filmes que compõe o lixo, como sacos, sacolas de supermercado e embalagens plásticas, que viram matéria-prima para a produção de madeira plástica.  Somente em Ituporanga, onde o plástico filme responde por aproximadamente 10% do total do lixo, será possível recuperar 30 toneladas deste material todos os meses.

Segundo Ferri, este novo processo de tratamento do lixo não elimina o custo da disposição de resíduos, mas substitui um método no qual ‘paga-se para enterrar e poluir’, por outro no qual ‘paga-se para processar, reutilizar e reciclar’.  “No primeiro os prejuízos são imensos, já no segundo os ganhos são imensuráveis”, diz.

Entre os benefícios da tecnologia estão a descontaminação, a retirada e o encaminhamento para reciclagem de diversos materiais sólidos como vidros, plásticos e metais; e a transformação em composto orgânico dos restos de alimentos, vegetais, papéis contaminados (como o papel higiênico).  Ferri alerta, contudo, que ainda é preciso estudar qual seria o melhor uso para o biofertilizante produzido.

O processo pode ser replicado em qualquer lugar, basta que ele seja dimensionado para o tamanho da população e quantidade de lixo gerada. “Isso é possível porque o lixo não é acumulado indeterminadamente como nos aterros sanitários, depois do primeiro ciclo, que leva 45 dias, a mesma quantidade que entra, sai diariamente para os processos de reutilização, aproveitamento e reciclagem”, explica Ferri.

Pela eficiência do seu processo de compostagem em resolver o problema do manejo dos dejetos suínos, Ferri recebeu o Prêmio Fritz Muller na categoria Agricultura Sustentável, promovido pela Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) para reconhecer os principais projetos e trabalhos na área ambiental desenvolvidos no estado.

Os resíduos das granjas passam pelo processo de compostagem, onde os dejetos dos animais são conduzidos por canos até um galpão dividido em sulcos feitos na terra contendo serragem. Por aspersão, os dejetos são distribuídos ao longo dos sulcos, misturados e aerados por um maquinário desenhado para este processo. O resultado é um biofertillizante altamente rico em nitrogênio, potássio e fósforo (NPK), além de ser seco, sem cheiro, livre da atração de insetos e de grande valor comercial, ambiental e agronômico, sendo de grande valia tanto para a fertilização do solo, como para a geração de renda para os suinocultores.

Tradicionalmente, as fazendas de suínos contam com uma esterqueira para armazenar os dejetos, um processo que causa um grande impacto no meio ambiente devido aos riscos de contaminação de rios, lençóis freáticos e solo e à emissão de metano, gás do efeito estufa 21 vezes mais potente para causar o aquecimento global que o dióxido de carbono (CO2).

Conforme dados da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Santa Catarina conta hoje com cerca de 6,2 milhões de cabeças de suínos, que geram 44 mil metros quadrados de dejetos todos os dias. Ferri diz que “Se esta tecnologia fosse implantada para todos os suínos do estado, seriam gerados anualmente 1,24 milhões de toneladas de biofertilizante e, pela não geração de metano, deixariam de ser emitidas cerca de 3,1 milhões de toneladas equivalentes de CO2”.

Criado há dez meses, o Centro de Processamento de Lixo ainda está em fase de testes e está previsto para ficar pronto em fevereiro de 2010, podendo receber as 10 toneladas de lixo domiciliar produzidas diariamente pelos 22 mil habitantes de Ituporanga. No caso do processo de compostagem utilizado nas granjas, o custo aproximado por cada animal em uma propriedade de mil suínos é de R$ 80 a R$ 90, o que pode variar de acordo com as condições de cada propriedade.

 

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Fonte: Agência Envolverde

 
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