Existe hoje uma preocupação crescente com o descarte adequado de medicamentos fora do prazo, mas poucos pensam em suas embalagens. O que acontece com elas após o consumidor entregá-las junto com os remédios em um ponto de coleta? Para responder esta pergunta, é preciso entender o conceito de embalagem e os tipos existentes no caso de medicamentos.

Embalagem é todo o material ou recipiente que envolve um produto temporariamente com objetivo de conservar suas características durante transporte, armazenamento e consumo. As embalagens de produtos farmacêuticos devem seguir uma série de determinações propostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e devem cumprir as funções de proteção, identificação, comunicação, utilidade e acondicionamento. Elas podem ser divididas nas seguintes categorias:

  • Embalagens primárias: têm contato direto com o produto e são a maior barreira de proteção, como exemplo blisters (figura acima) e frascos de vidro;
  • Embalagens secundárias: protegem a embalagem primária, como cartuchos (caixinhas que envolvem a embalagem primária);
  • Embalagens terciárias: contêm a embalagem primária e secundária para que haja melhor transporte – caixas de papelão são o exemplo mais comum.

Existem diversos tipo de embalagens primárias de medicamentos; os mais comuns são:

  • Envelope: material flexível formado por duas camadas do mesmo material (geralmente alumínio), que são seladas e protegem cada dose do medicamento;
  • Bisnaga: recipiente flexível para semi-sólidos e cremes;
  • Blister: bandeja moldada com selagem laminada para comprimidos e pílulas;
  • Frasco: recipiente rígido para líquidos, geralmente de plástico ou vidro.

Os materiais das embalagens são escolhidos pela indústria farmacêutica para aumentar a vida útil do medicamento o máximo possível. O plástico representa 30% das embalagens de produtos farmacêuticos, substituindo boa parte do vidro. É o material mais usado nas embalagens de medicamentos, pois é mais leve resistente, tem mais versatilidade no design e mais popularidade entre os consumidores.

Para atender as funções de preservação, muitas embalagens são laminadas, pois há mais proteção contra o meio externo. As embalagens do tipo blister, muito comuns, geralmente são feitas de PVC, PVDC e alumínio – mais adiante explicaremos a importância dessa informação.

 

Embalagens contaminadas

Alguns fármacos se enquadram no Grupo B dos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS); são aqueles resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente. Em São Paulo, existe a Portaria 21/2008 que denomina especificamente quais os princípios ativos devem ser considerados perigosos, facilitando a segregação para a destinação final. As embalagens podem entrar em contato com as substâncias químicas do medicamento e serem contaminadas. Segundo o manual de gerenciamento de RSS da Anvisa, as embalagens primárias, que estão em contato direto com esse tipo de medicamento, podem sofrer contaminação e devem receber o mesmo tratamento das substâncias químicas que as contaminaram.

O tratamento para as substâncias químicas (no caso, os medicamentos) que descartamos em pontos de coleta é a incineração. Trata-se de um processo de oxidação que ocorre em alta temperatura e destrói ou reduz o volume do resíduo, transformando-o em material inerte, ou seja, que não interage com o ambiente, eliminando os maiores riscos à saúde e à natureza.

Como as embalagens contaminadas devem receber o mesmo tratamento das substâncias químicas – elas também são incineradas. Mas qual o problema disso? Como dito anteriormente, grande parte das embalagens são feitas de plástico e alguns plásticos, ao serem queimados, emitem substâncias tóxicas. Ao incinerarmos materiais de PVC e PVDC, por exemplo, que contêm cloro, há a emissão de dioxinas, que são cancerígenas.

 

Embalagens não contaminadas

As embalagens secundárias, terciárias e bulas, por não estarem em contato direto com o medicamento, e algumas embalagens primárias, por não interagirem com a embalagem, não são contaminadas e podem ser descartadas normalmente no lixo comum para reciclagem. Como elas são compostas principalmente de papel e plástico, a reciclagem é simples – o grande problema está nas embalagens laminadas, que não podem ser recicladas facilmente e necessitam de processos diferentes dos usuais.

Você já tentou tirar a parte laminada do blister? Repare que o alumínio é muito difícil de ser removido totalmente, pois ele é prensado para impedir a entrada de ar. Então a reciclagem do blister é complexa e realizada por empresas especializadas, pois precisa de um processo químico para que haja separação entre alumínio e plástico. Por isso, muitas vezes esse tipo de embalagem é destinado para aterros e não é reciclado nem reaproveitado.

Novas tecnologias estão em desenvolvimento para substituição dos materiais das embalagens visando uma reciclagem mais fácil ou a eliminação do cloro da composição, assim eles podem ser incinerados sem problemas. Existem também projetos para transformar plásticos não recicláveis em energia. Tais tecnologias podem demorar um pouco para serem introduzidas em larga escala e de forma viável, portanto, o que podemos fazer agora é consumir conscientemente.

É importante saber que as embalagens dos medicamentos não devem ser reaproveitadas para o armazenamento de outras substâncias de consumo. Às vezes, o medicamento pode deixar uma contaminação residual na embalagem. Nunca queime seus medicamentos e suas embalagens por conta própria, como dito anteriormente, eles são resíduos químicos e os gases liberados podem causar intoxicação e impactos no meio ambiente.

via eCycle em EcoD

             
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