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O aquecimento global e os avanços tecnológicos deverão impulsionar o cultivo da cana

As mudanças climáticas e o aumento da concentração de CO2 aliados aos avanços tecnológicos poderão proporcionar um aumento significativo na produção de cana-de-açúcar nos próximos 70 anos. Quem afirma são os pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP.

Segundo informações da Agência USP, os cientistas informaram que a produção poderá atingir a 120 toneladas por hectare (t/h) em 2080. A estimativa foi apresentada na dissertação de mestrado Mudanças climáticas e a expectativa de seus impactos na cultura da cana-de-açúcar na região de Piracicaba, SP, pela engenheira ambiental Júlia Ribeiro Ferreira Gouvea.

“Nos últimos anos, a produtividade média vem atingindo cerca de 85 toneladas por hectare”, diz o professor Paulo Cesar Sentelhas, do Departamento de Ciências Exatas, que orientou o trabalho.

Para se chegar ao resultado, os pesquisadores utilizaram dados do quarto relatório do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) de 2007, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que apresentou cenários futuros de mudanças climáticas. Eles ainda computaram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para estimar os avanços tecnológicos que poderão influir no aumento da produção, além de informações sobre produtividade de uma empresa do setor.

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Por ser uma espécie resistente à falta de água e mais robusta, a cana-de-açúcar terá facilidades em se adaptar ao aquecimento/Foto: Tom Allen

“Tendo em mãos os dados de 80 anos passados, aplicamos um modelo matemático-fisiológico que nos permitiu estimar a produção dos próximos 70 anos”, explica Júlia. Segundo a engenheira, o que surpreendeu os pesquisadores foi verificar que o aquecimento global irá proporcionar aumento na produtividade da cultura.

A explicação está no fato de que a cana-de-açúcar é uma gramínea do tipo C4, resistente à falta de água e mais robusta. “O efeito do aumento do CO2 e o consequente aquecimento do clima irá favorecer o processo de fotossíntese da cana-de-açúcar. Além disso, temos o avanço tecnológico na implementação de técnicas de cultivo bem como os estudos que visam o melhoramento genético da planta”, descreve Sentelhas.

O estudo previu um cenário em que a temperatura global deverá atingir um aumento médio de até 4 ºC no ano de 2100. Com isso, eles desenvolveram uma escala de aquecimento para 2020 em que o aumento poderá ser de 1ºC, e em 2050, de até 2ºC. A consequencia será o aumento da Produtividade Potencial (PP) em cerca de 15% em 2020, 33% em 2050 e 47% em 2080, em relação à condição atual. Os cientistas também estimam que a Produtividade Real (AP) poderá aumentar cerca de 12% em 2020, 32% em 2050, e 47% em 2080. “Podemos estimar uma produção de 90 toneladas por hectare em 2020, 107 t/h em 2050, e 120 t/h e 2080”, calcula Sentelhas.

*Via EcoDesenvolvimento.

             
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