Não é nada fácil cumprir as metas de emissões de poluentes e investir pesado em energias limpas. Turbinas de energia eólica dependem da boa vontade do vento para funcionarem e células solares não valem nada durante a noite e em dias nublados. Redes elétricas que dependem de um fornecimento estável de eletricidade têm nisso um grande obstáculo.
Dentre as possibilidades de contornar o problema estão o desenvolvimento de baterias mais eficientes e até a reestruturação das redes elétricas. Mas eis que surge uma até então insignificante bactéria que pode resolver a questão.
Como?
Os cientistas já suspeitavam da capacidade de flatulência da Methanobacterium palustre, mas esta é a primeira vez que um método foi desenvolvido para usar os punzinhos para algo útil. Basicamente eles alimentam a colônia de bactérias com a energia excedente gerada nos dias de muito sol ou muito vento. Na digestão, a bactéria transforma essa energia em gás metano, que pode ser facilmente armazenado para ser queimado quando necessário. E o que é melhor: no processo, a bactéria extrai dióxido de carbono da atmosfera, o que compensa as emissões da futura queima do gás. A eficiência do processo é de 80%, o que é bastante significativo. “Você não pega toda a energia de volta, mas esse é um problema comum a qualquer tipo de armazenamento de eletricidade”, explica Tom Curtis, do Instituto para Pesquisas em Ambiente e Sustentabilidade na Universidade de Newcastle (Reino Unido).
A tecnologia tem tudo para ser implantada. Além das boas possibilidades científicas, o custo é bastante atraente. Segundo Curtis, os microorganismos não fazem uma catálise convencional, e sim algo mais: “não há metais nobres envolvidos, então isso deve ser bastante barato”. De acordo com o cientista Bruce Logan, líder da equipe que trabalhou no projeto, “aplicações comerciais podem chegar a poucos anos de se tornarem realidade”.
Se você está se perguntando como a bactéria come eletricidade, tem toda a razão em ter essa dúvida. É aí que está, aliás, o segredo da nova técnica. Basta construir uma aconchegante casinha feita de célula eletrolítica, cuja mesa de jantar seja o catodo. Assim, as bactérias podem “comer” elétrons e usar a energia deles para transformar CO2 em metano. Agora convenhamos: quem diria que a salvação do planeta poderia depender de asquerosas bactérias peidorreiras? [New Scientist]
Via: Gizmodo Brasil – Intel Tech Update | Foto via: Fervor