A mundialmente reconhecida agência Reuters traz anualmente uma seleção das melhores fotos e, apesar de ainda não termos fechado 2012, já temos as 95 escolhidas, entre as quais estão ótimas fotos brasileiras. Vem comigo!
Na foto do topo, tirada por Lunaé Parracho, índios da tribo Munduruku apontam suas flechas para um helicóptero da polícia durante protestos contra a construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte. A foto foi tirada em 15 de Junho, próximo a Altamira/PA, com uma câmera Nikon D3, lente 24mm, f7.1, 1/1600 sec, ISO 250.
A foto acima foi tirada por Nacho Doce na favela de Brasilândia (São Paulo) em 23 de Março. Tentando chegar a uma rua não reconhecida pelo GPS, o táxi se perdeu em um labirinto escuro. Esperando quase uma hora para ligar pedindo orientação, às 5 da manhã, conseguiu seguir as instruções até chegar basicamente a uma boca de fumo. O alívio se deu quando o pai das crianças veio correndo, falou com um dos viciados e então ouviu-se “táxi livre pra passar”.
Chegando a casa, Doce viu as três crianças da foto, Samille (9), Dhones (7) e Izabely (6), que sofrem de uma rara síndrome genética chamada Pelizaeus-Merzbacher, causadora de problemas no desenvolvimento intelectual e coordenação motora. O sofá coberto por um tecido vermelho em frente à parede com mofo verde e marrom formou uma cena triste e bonita ao mesmo tempo, merecendo o registro. Mais sobre essa história e outras fotos aqui.
Utilizada câmera Canon EOS 5D MARK II, lente 24mm, f1.4, 1/125, ISO 2500.
Como explica o fotógrafo Ueslei Marcelino, geralmente notícias envolvendo índios tratam dos conflitos com donos de terra e até então ele acreditava que os nativos gostariam de se integrar a sociedade, ver TV, filmes, beber água fresca, usar celulares, mas isso mudou quando passou alguns dias com índios Yawalapiti.
Mesmo autorizado pelo cacique Aritana, o fotógrafo percebeu que precisaria se integrar, entender como eles se organizam, ganhar confiança dos demais membros da tribo, antes de sacar sua câmera, ainda que perdesse belas cenas. Ele precisava demonstrar que entendia a diferença entre intimidade e privacidade, e que era um amigo, não um intruso.
A foto, tirada em 9 de Maio no Mato Grosso, mostra um garoto mergulhando sua cabeça no Rio Xingu. Foi utilizada uma Canon EOS 1D Mark IV, lente 24mm, f1.4, 1/4000, ISO 50.
Registrada por Ricardo Moraes, a curiosa foto mostra um índio utilizando o metrô do Rio de Janeiro, durante a Rio+20 em 20 de Junho. Assim como ele, outros tantos nativos e pessoas de todos os cantos se reuniram na cidade para a reunião que visava discutir a sustentabilidade, e também para o evento paralelo “Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental”. Foi utilizada uma Canon EOS 5D Mark II, lente 16-35mm, f2.8, 1/10 sec, ISO 250.
Ueslei Marcelino, o mesmo da foto com a criança brincando na água, e também na vila Yawalapiti, registrou essa interessante imagem de um lar indígena, iluminado por dentro graças a geradores que energizam as luzes e a TV (eles adoram assistir futebol e jornais), e “iluminado por fora” por uma fogueira, atrás da casa, na qual peixes eram preparados para o ritual Kuarup, que ocorreria no dia seguinte. O brilho ao redor da casa foi um resultado inesperado pelo fotógrafo que tentava registrar a beleza da noite estrelada com uma foto de longa exposição.
O ritual Kuarup dura vários dias, homenageando pessoas mortas importantes para eles. Neste ano as honras se deram para um índio considerado grande líder, e para Darcy Ribeiro, escritor, antropólogo e político conhecido por trabalhar nas relações com nativos.
Para a foto, utilizou-se de uma Canon EOS 1D Mark IV, lente 17mm, f4.0, 1/30, ISO 1600
Todas as outras 90 belíssimas fotos podem – e devem – ser vistas na Reuters, com a calma necessária para ler as fundamentais descrições (em inglês) que contextualizam as cenas.
Valeu @Burgos
