Tijolos fabricados em laboratório, com argila adicionada de lodo.

Considerado um passivo ambiental, o resíduo gerado no tratamento da água bruta nas ETAs (Estações de Tratamento de Agua) necessita de uma destinação adequada e ambientalmente segura. Preocupadas, empresas de saneamento buscam alternativas viáveis e que atendam às exigências de órgãos fiscalizadores.

Dentre as principais destinações utilizadas hoje estão: o armazenamento em grandes tanques (método que requer grandes áreas), disposição em aterros sanitários (processo considerado economicamente inviável) e lançamento direto em cursos d’água (estima-se que cerca de 2.000 toneladas de resíduos sem nenhum tratamento são lançados em corpos receptores[1]). Pensando nisso as empresas de saneamento tem investido em estudos na busca de uma melhor solução.

Um estudo realizado pela COMPESA (Companhia Pernambucana de Saneamento) em parceria com o ITEP (Instituto Tecnológico de Pernambuco) visa à viabilidade da utilização deste lodo na indústria cerâmica, misturado à argila (matéria-prima do tijolo), buscando uma relação sem que comprometessem a qualidade do produto.

Testes foram realizados com a massa cerâmica pura e a massa adicionada do lodo da ETA e o resultado atendeu as normas exigidas pela ABNT, o produto foi considerado não inerte, e recebeu parecer favorável da agência do estado de Pernambuco de meio ambiente e recursos hídricos (CPRH) por considerar o processo tecnicamente viável e ambientalmente seguro.

Na primeira etapa do estudo os tijolos foram fabricados em laboratório do ITEP, apresentando formato pequeno nas dimensões de 5,8cm x 3,6cm x 2,4cm (foto no topo). Por solicitação da CPRH a segunda etapa será direcionada para fabricação em nível industrial (foto abaixo), visando adequar o estudo ao mercado consumidor, ou seja, a construção civil.

Fábrica de cerâmica industrial.

Fábrica de cerâmica industrial.

O setor industrial da cerâmica vermelha apresenta um enorme potencial que contribui na solução deste problema: a utilização do lodo de ETA é uma alternativa promissora para as companhias de saneamento (destinação adequada, ambientalmente segura e viável), para as indústrias do setor cerâmico (mais econômico) e para o meio ambiente (diminuição de poluentes lançados em rios, diminuição da extração de vegetação e de argila).

Com a incorporação do lodo da ETA na matéria prima do tijolo, o projeto/pesquisa visa o desenvolvimento de alternativas de destino final deste resíduo que atendam as exigências ambientais, buscando assim um modelo de desenvolvimento sustentável.

Outras pesquisas para reutilização na construção civil são desenvolvidas em empresas de saneamento e universidades de Pernambuco, São Paulo, Rio Grande do Norte, Paraná, entre outros.

O projeto foi apresentado no 25º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, realizado em Recife em Setembro/2009.

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Este é o primeiro post de Paulo Melo, um dos novos colaboradores do blog eco4planet. Paulo por si próprio: “Sou técnico em saneamento, potiguar de 23 anos, mas moro no Recife. Acredito em um mundo verde, cooperativas sustentáveis… meu objetivo é conscientizar para uma mudança, afim da sobrevivência.”. Seja bem-vindo!

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[1] CORDEIRO, J. S. – Importância do Tratamento e Disposição dos Lodos de ETAs. Cap. 01. Noções Gerais de Tratamento e Disposição Final de Lodos de Estação de Tratamento de Água. PROSAB 1999.

Com informações da Gerência de Inovações Tecnológicas/COMPESA/Recife-PE.

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 Sou técnico em saneamento, potiguar de 23 anos, mas moro no Recife. Acredito em um mundo verde, cooperativas sustentáveis...meu objetivo é conscientizar para uma mudança, afim da sobrevivência.
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