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Já pensou em ser pago para ir trabalhar de bicicleta?

Funciona mais ou menos assim: você vai e volta do trabalho com sua bike e, a cada quilômetro percorrido, ganha um determinado valor fixo a ser pago pela empresa, que por sua vez pode receber (não necessariamente) incentivos fiscais pela adoção do sistema. O método pode, ainda, se estender para os que preferem se deslocar a pé, ou usando qualquer outro meio de locomoção não motorizado – inexoravelmente ecológico e sustentável – até o trabalho.

Alguns exemplos no mundo:

  • Chile: a empresa Altiuz paga 150 pesos (quase 60 centavos de real) por quilômetro pedalado;
  • França: recentemente, foi efetivado um projeto experimental que paga mais de 70 centavos de real para cada quilômetro rodado para os trabalhadores;
  • Bélgica: empresas pagam mais de 60 centavos de real por quilômetro aos seus funcionários, para irem para o trabalho de bicicleta;
  • Alemanha: a Siemens paga 600 euros mensais aos funcionários que não utilizarem o automóvel particular nos seus deslocamentos diários.

No geral, a implementação da ideia passa pela adesão voluntária de empresas, e o controle tende a ser feito, pelos menos em caráter experimental, através do uso de aplicativos instalados nos smartphones do trabalhador. Numa conta rápida, em um mês com 25 dias de trabalho, num trajeto de 8 km (ida e volta), com uma remuneração de 60 centavos/km, o trabalhador receberia no final do mês a quantia de R$120,00. Razoável, não?

É claro que para tal medida poder ser implementada, seria de grande importância o maior investimento em ciclovias, faixas especiais e sinalização, entre outras medidas estruturantes. Redução de impostos e incentivos para toda cadeia produtiva relacionada com o mundo das bicicletas também seriam bem-vindos.

Em contrapartida a este estímulo haveria uma melhoria no trânsito das cidades, redução da poluição e, com este último item – somado ao exercício diário ao ar livre por parte dos adeptos – haveria, sem a menor dúvida, redução das despesas com a saúde dos trabalhadores, além de uma consequente maior produtividade no trabalho.

Precisamos divulgar o sistema aqui no nosso país e provocar as empresas para que a adotem e desenvolvam. Afinal, as ideias provam ser funcionais (ou não) somente após testadas na prática, e cada país tem suas particularidades.

Por falar em particularidades, lanço aqui uma ideia a se pensar para o caso do Brasil: porque não usar o auxílio transporte que já existe? Talvez ele possa ser adaptado ao sistema! Funcionaria assim: o trabalhador que optar por deixar de usar transporte motorizado e passar a se locomover ao trabalho a pé, de patins, patinete ou bike, receberia o dinheiro equivalente ao que tem ou teria direito como auxílio transporte. Um exemplo (auxiliado por um simulador de auxílio transporte): um empregado que recebe R$ 1.200,00 por mês, e usa duas passagens por dia (ida e volta) no valor de 3 reais cada, tem o custo total de R$ 132,00 para se locomover ao trabalho, devendo pagar do bolso R$ 52,80 (segundo uma conta simples que já considera o desconto máximo de 6% do salário base), recebendo, desta maneira, um auxílio de R$ 79,20.  Neste caso, um adicional à ideia seria complementar o valor para se ter os R$ 132,00 totais, numa política equivalendo ao “pagamento por km pedalado”, mas parcial. Deste modo, seria só adaptar um sistema já existente, e estimular a adesão.

O que acham? É viável / possível? Tenho certeza de que se houver vontade política, qualquer empecilho jurídico poderá ser contornado. Se algum leitor, especialmente com conhecimentos pertinentes à esta proposta, estiver com disposição para trabalhar nessa possibilidade, entre em contato!

Caso o Brasil adote um sistema do tipo, pode-se pensar em mais uma benesse além das relacionadas acima: renda extra para a camada mais pobre que, em muitos casos, já vai ao trabalho a pé ou montada em sua bike. Quase uma distribuição de renda em que todos ganham muito – até o planeta!

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 Físico, maringaense, inventor-de-fundo-de-quintal... Atualmente trabalho com pesquisa na Universidade Estadual de Maringá. Posta também no Facebook.
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