Com o surgimento das lojas de Fast Fashion e o boom das blogueiras de moda, os consumidores passaram a adquirir produtos desse ramo com muito mais intensidade, em grande parte por impulso. Graças ao marketing massivo e preços acessíveis, esse comprador acaba se tornando um acumulador, ou descartando peças “antigas” de forma incorreta. Boa parte das roupas oferecidas por empresas desse tipo tem qualidade reduzida, e consequentemente pouca durabilidade, incentivando assim a compra e troca frequente do guarda-roupas, adquirindo itens muitas vezes sequer necessários, escoando assim as coleções renovadas propositalmente em períodos curtíssimos.

Enquanto alimenta essa indústria bilionária, o impacto causado no meio ambiente e na sociedade é avassalador. Desde a produção que exige grandes áreas de plantio para produção de tecido, os diversos processos químicos de tratamento e coloração que muitas vezes destroem o solo e as águas, ao descarte dos produtos de forma irregular, sem reaproveitamento, em lixões.

Pensando nisto surgiu o Projeto Apego Fashion. A ideia seria despertar nas pessoas apego pelas produtos de moda adquiridos, e para isso se iniciou uma campanha nas redes sociais, para que olhassem em seu guarda-roupa e identificassem aquela peça que não é utilizada, mas que está lá por algum motivo, incentivando-as a fotografar e postar no Instagram com a hashtag #apegofahion contando a história da peça.

A partir dessa iniciativa os seguidores poderiam acompanhar outras histórias e receber feedback sobre as suas próprias, fazendo assim com que se pense um pouco mais antes de consumir algum produto, gerando uma relação maior com o que se tem. Na pagina do Facebook, alem destas publicações são compartilhadas reportagens que falam sobre consumo consciente e reaproveitamento de resíduos.

Com o tempo notou-se que ainda era pouco, a ação ainda tinha um impacto pequeno diante do mercado e da realidade de consumo de moda.

Analisando o perfil do consumidor de moda das classes C e D percebeu-se um interesse crescente no consumo de produtos e informação de moda nos últimos anos, bastante relacionado ao comportamento e à cultura da criança e do jovem da periferia, com diversos fatores emocionais e movimentos sociais, dentre eles, talvez o mais visível, o Funk, que estimula o consumo exacerbado de marcas de moda, e assim faz surgir uma busca pelo consumo de marcas famosa dentro dos grupos em que convivem.

Partindo deste principio o Projeto Apego Fashion deixou de ser apenas uma ação nas redes sociais e tornou-se um trabalho presencial, levando a consciência de consumo para este grupo que hoje ainda pode parecer pouco representativo, mas que em verdade será uma grande parcela dos consumidores no futuro próximo.

Adriana Carvalho, idealizadora do projeto, passou a ministrar encontros semanais em ONGs que trabalham com crianças carentes na região da Zona Leste da capital paulista.

A primeira ação se deu no Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, o Bompar, localizada do Jardim Planalto, que atende crianças e jovens de 8 a 14 anos. Em seguida a parceria se deu com o Centro para Juventude Sapopemba (CJ Sapopemba), localizado na Cohab Teotônio Vilela – nesta instituição o trabalho foi desenvolvido com jovens de 14 a 23 anos. Durante os encontros foi ensinado aos participantes noções de moda, consumo consciente, técnicas de customização manual, fotografia e desfile. Eles foram também estimulados a customizar suas próprias roupas e, ao final, foi realizado ensaio fotográfico e desfile, produzido pelos próprios alunos.

Através desse trabalho notou-se de diversos participantes a intenção de atuar nas áreas de moda, fotografia e desfile, demonstrando o impacto social da ação, além de paralelamente ter se prolongado o tempo de vida das peças que estavam guardadas no armário, mas que agora de cara nova poderão ser utilizadas por muito mais tempo, evitando assim o descarte incorreto e a busca por novos produtos, diminuindo a pressão social por compras, além, é claro, de reduzir o impacto ambiental provocado pelo ciclo de vida do vestuário.

Ainda é cedo para mensurar o impacto dessas ações, pois como todo trabalho de formiguinha, é uma semente lançada na expectativa de colher frutos, mas já é possível notar o retorno positivo recebido dos participantes, e a partir disso seguir com as ações, na expectativa também de que seja replicada por outros grupos em todos os cantos do país. 

Fotos: Divulgação/Adriana Carvalho

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 é o criador do eco4planet, formado em Administração de Empresas pela USP, desenvolvedor e gamer. Otimista nato, calmo por natureza, acredita que informação pode mudar o mundo e que todo pequeno gesto vale a pena. Posta também no Twitter e Facebook.
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