A foto-montagem faz uma referência ao aquecimento nas cidades
Cidades são as grandes causadoras do aquecimento global/Foto-Montagem: alandberning

Alguém já tentou explicar quais são os riscos que as cidades brasileiras correm por conta do aquecimento global? Até o momento, esta pergunta seguiu sem resposta, mas agora, pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INTC-MC) irão mapear as vulnerabilidades de dez megacidades brasileiras diante dos impactos das mudanças climáticas. O objetivo? Identificar os problemas para direcionar as políticas públicas de adaptação para estas metrópoles.

Os mapas deverão indicar as fragilidades dos centros urbanos diante de impactos do aquecimento global ligados à saúde – como o aumento ou surgimento de novas doenças e a situação das zonas costeiras, que perderão área com a elevação do nível do mar. Também serão abordadas as áreas de ecologia urbana, recursos hídricos e desastres naturais, como as cheias e secas extremas que têm atingido o país nos últimos meses.

Com investimento inicial de cerca de R$ 1 milhão, o diagnóstico começará pelas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, e os primeiros resultados serão divulgados em março de 2010. Os estudos para Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte e Belém ainda dependem de recursos, que estão sendo negociados com o Ministério do Meio Ambiente.

“É uma maneira de achar um atalho mais rápido para implementar medidas que são urgentes. É importante ter um primeiro mapa para mostrar a direção aos tomadores de decisão”, explicou à Agência Brasil, Carlos Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe). Ele participou do Encontro Nacional Políticas Públicas pelo Clima: Rumo a Copenhague 2009, realizado na segunda-feira, 18 de maio.

Cidades são partes do problema

Os resultados do mapeamento poderão subsidiar políticas de governo locais e nacionais de investimentos em adaptação para os impactos do aquecimento global, inclusive o Plano Nacional sobre Mudanças Climáticas. Nobre argumentou que não se pode desviar o foco do debate sobre mudanças climáticas no Brasil decorrentes do desmatamento da Amazônia, principal fonte de emissões de gases de efeito estufa do país. Para o especialista, as metrópoles são partes desse problema, em vez de ser o todo.

Nobre: cidades são partes do problema
Nobre: 75% das emissões globais vêm das cidades/Foto: Roosewelt Pinheiro/Abr

“Reduzindo as emissões nas cidades não vamos reduzir significativamente emissões brasileiras. A ênfase na redução de emissões nas cidades não pode ser maior que a ênfase na redução do desmatamento. Cerca de 75% das emissões globais se originam nas cidades ou para as cidades. Elas certamente também são parte da solução; são os locais onde as soluções têm que ser buscadas”, ponderou.

Para Carolina Dubeux, pesquisadora da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o potencial das grandes cidades brasileiras para a redução das emissões de gases de efeito estufa ainda é subutilizado. “Há pelo menos dois setores com grande potencial de benefícios econômicos se houver mecanismos de eficiência: os aterros sanitários e os transportes”, citou.

Já Gino Van Begin, secretário-geral do Conselho Internacional de Governos Locais pela Sustentabilidade (Iclei), defende mais acesso dos governos locais às fontes de financiamento para adaptação aos impactos das mudanças climáticas. “O ponto central é que na reunião da ONU se reconheça o papel dos governos locais e as experiências já realizadas. É preciso estabelecer mecanismos legais que regulamentem o acesso de governos locais aos recursos”, argumentou.

*Com informações da Agência Brasil, retirado de EcoDesenvolvimento.

             
Quem somos
Na mídia
Contato
Anuncie (mediakit)
Como divulgar
 
 
©2008-2024 eco4planet | Privacidade
©2008-2024 eco4planet | Privacidade