Greenpeace acusa governo de beneficiar obras do PAC
Ong ambientalista acusa o governo de beneficiar obras do PAC/Foto: Ricardo SEP

O diretor do Greenpeace, Marcelo Furtado, afirmou na quinta-feira, 16 de abril, que a mudança na regra para licenciamento ambiental de rodovias, aprovada nesta semana pela Câmara dos Deputados, “sinaliza a intenção do governo de jogar a legislação ambiental brasileira na lata de lixo” e denuncia interesses políticos por trás de obras de infra-estrutura do governo.

Segundo Furtado, com a medida provisória, que dispensa licença prévia para asfaltamento e duplicação de rodovias já abertas, o governo sinaliza que o meio ambiente interfere no desenvolvimento e mostra que “o discurso da sustentabilidade é uma grande mentira”. Para ele, a mudança na norma beneficia obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em especial, a BR-319, que liga a cidade de Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

“Sabemos que a medida passou por conta da BR-319, que está, atualmentes em péssimas condições. O governo tem, com a obra, o interesse de pavimentar a candidatura da ministra [da Casa Civil], Dilma [Rousseff] na Amazônia”, declarou no Fórum Econômico na América Latina, no Rio de Janeiro.

Além de dispensar o licenciamento, o texto encaminhado para o Senado estabelece prazo de 60 dias para que o Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorize o início das obras que já contam com a licença prévia. Caso o prazo expire, o empreendimento pode começar sem autorização do órgão ambiental.

“Isso faz com que a faca fique no pescoço de uma área do governo [o Ibama] que já está totalmente desaparelhada, sem pessoal e infra-estrutura adequados”, alertou. O diretor do Greenpeace disse também que a “história da Amazônia” mostra que as rodovias não são adequadas para a região e sugere alternativas como ferrovias e hidrovias. “Todo mundo sabe que rodovia na Amazônia é igual a destruição”, completou.

Na quarta-feira, 15, em evento na Agência Nacional de Águas (ANA), o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que tentou “advertir” os deputados sobre os exageros da medida, que segundo ele, nos termos em que foi aprovada, “é inconstitucional”. Minc adiantou esperar que o Senado faça correções no texto. “Queremos, sim, simplificar licenciamento das estradas. Não é necessário fazer outro EIA/Rima [Estudo e Relatório de Impacto Ambiental] para consertar buraco, mas do jeito que eles fizeram [os deputados alteraram o texto original da Medida Provisória], dispensam de licenciamento estradas que têm impacto ambiental”, argumentou.

Caso a redação da MP aprovada pela Câmara seja mantida pelo Senado, o ministro do Meio Ambiente acredita que o Supremo Tribunal Federal (STF) deve derrubar a medida. “Isso que foi aprovado afronta a Constituição em matéria ambiental”, avaliou.

Fonte: EcoDesenvolvimento.

             
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