crianca.jpg
Expostas a desnutrição, tráfico e traumas emocionais, a população infantil haitiana deve ser assistida em caráter de urgência, defende a organização / Fotos: Lucas TheExperience

Para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), apoiar o salvamento de vidas e proteger as crianças devem ser as prioridades na ajuda a reconstrução do Haiti, país atingido no dia 12 de janeiro por um terremoto.

Em comunicado oficial, a diretora executiva da Unicef, Ann M. Veneman, pontuou que mesmo com a corrida por alimentos, medicamentos, abrigo e proteção, a necessidade de cuidar dos órfãos e crianças sobreviventes é preocupante.

“Nós estamos extremamente preocupados com a situação das crianças no Haiti, muitas das quais se encontram separadas de seus pais e familiares. Essas crianças estão sujeitas a um risco crescente de desnutrição e doenças, tráfico, exploração sexual e sérios traumas emocionais”, explica a diretora.

Tráfico e sequestro de crianças

Susan Bissell, chefe de proteção infantil do UNICEF, trouxe ainda mais a tona este preocupante perigo ao qual as crianças que ocupam a zona do terremoto estão expostas: o tráfico. Bissel salientou a importância de cuidar não somente da saúde física, mas também da psicossocial. “Como as crianças lidam com tanto trauma?”, perguntou-se Susan.

“Nós documentamos aproximadamente 15 casos de crianças desaparecendo de hospitais e que não estão com suas famílias”, acrescenta o conselheiro do Unicef, Jean Luc Legrand, “o Unicef trabalha no Haiti há muitos anos e sabemos do problema com o comércio de crianças que já existia antes, e infelizmente essas redes têm ligações com o ”mercado” de doações internacionais”, disse.

passaport.jpg
Tiradas ilegalmente do país: as crianças sem amparo da região podem ser sequestradas por redes de tráfico internacional

Segundo Legrand, as redes de traficantes começaram a agir imediatamente após o desastre. “Já constatamos isso na época do tsunami (que deixou mais de 200 mil mortos em vários países da Ásia no dia 26 de dezembro de 2004): estas redes se aproveitam das catástrofes naturais, da fraqueza do Estado e da falta de coordenação entre os diversos atores no terreno para sequestrar crianças e enviá-las para fora do país”, pontuou Legrand.

Brasileiros recorrem a adoção

Na tentativa de colaborar com a mudança da situação no país devastado pelo abalo sísmico, brasileiros recorreram ao pedido de adoção de crianças haitianas. Segundo dados da embaixada brasileira no Haiti, cerca de 300 pedidos de adoção, por parte de brasileiros, já foram registrados desde o início da tragédia.

Apesar da sensibilização estrangeira, a Organização das Nações Unidas declarou que a medida só será tomada em último caso, e que antes, é preciso identificar, acolher e proteger as crianças que ainda vagam pelas ruas da cidade de Porto Príncipe, atingida pelo terremoto.

“Todos os esforços serão feitos para reunir as crianças com suas famílias. Só se isso for impossível, alternativas permanentes, como adoção, devem ser consideradas pelas autoridades competentes. Apesar disso, uma triagem para a adoção internacional de algumas crianças haitianas havia sido concluída antes do terremoto. Quando esse for o caso, há benefícios claros para acelerar a viagem delas para suas novas casas”, afirmou Ann Veneman.

Grávidas correm risco

Para o Fundo de População da ONU (Unfpa), outro ponto que merece atenção é a situação das mulheres grávidas ou em processo pós-operatório. A organização adverte que uma em cada 47 haitianas corre o risco de morrer durante o parto e que 10 mil grávidas devem precisar de cuidados médicos devido a possíveis complicações.

adocao.jpg
Apesar da sensibilização mundial, a adoção deve ser pensada como última alternativa

O órgão, que já distribuiu 20 mil kits com produtos de higiene para mulheres vítimas do terremoto no Haiti, pontuou que na capital do país, a cidade de Porto Príncipe, existem mais de 63 mil mulheres grávidas e que 7 mil darão à luz já no próximo mês, o que indica maior necessidade de cuidados por parte de governantes na hora de assistir as necessidades da população.

Esforços globais

Nesta segunda-feira, 25 de janeiro, líderes de mais de 20 países e organizações internacionais irão se reunir na cidade de Montreal, no Canadá, para fazer um balanço sobre a situação no Haiti após o terremoto do último dia 12. O objetivo é traçar prioridades no processo de reconstrução do país a longo prazo.

Sob a presidência do ministro de Negócios Estrangeiros do Canadá, Lawrence Cannon, a reunião conta com a presença de governantes de países aliados do Haiti, no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) – Estados Unidos, Canadá, Brasil, Argentina, França, México, Chile, Costa Rica, Peru e Uruguai. Governantes do Japão, da Espanha e da República Dominicana também devem participar dos debates.

Além da própria ONU, estarão no encontro representantes da União Europeia, da Organização dos Estados Americanos (OEA), do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de diversas organizações não governamentais.

*Via EcoDesenvolvimento.

             
Quem somos
Na mídia
Contato
Anuncie (mediakit)
Como divulgar
 
 
©2008-2024 eco4planet | Privacidade
©2008-2024 eco4planet | Privacidade