Foto: Pablo Fernández

Uma pesquisa apresentada no dia 30 de setembro revelou que 80% da população mundial está exposta a um grau elevado de escassez hídrica e 65% das espécies que vivem nos rios estão ameaçadas. Segundo o trabalho, desenvolvido por especialistas da Universidade da Cidade de Nova York e da Universidade de Wisconsin, além de sete outras instituições, a principal causa é a ação humana, como a construção excessiva de barragens e hidrelétricas, falta de saneamento, pesca predatória e poluição.

As consequências do mau uso dos rios ainda trazem prejuízos financeiros para as nações, que gastam cerca de US$ 500 bilhões por ano em ações para remediar o problema. Para alguns especialistas, o modelo atual de gestão dos mananciais faz com que os países ricos consigam fornecer água potável às suas populações e impede que as nações mais pobres obtenham o mesmo feito.

Segundo o engenheiro civil e um dos autores da pesquisa, Charles Vörösmarty, a estimativa é de que até 2015 cerca de US$800 milhões sejam necessários para cobrir os investimentos mundiais em infra-estrutura hídrica. Mas de acordo com o estudioso, não é preciso investir montantes de dinheiros para solucionar a questão, nem escolher entre proteger a biodiversidade ou fornecer água potável aos seres humanos.

De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo estudo, identificar e limitar as ameaças em nível local pode ser mais eficaz na garantia da segurança da água e da biodiversidade, do que investir em programas caros e em larga escala. Essa eficiência garantirá que países em desenvolvimento também possam incluir programas de preservação dos recursos hídricos em suas pautas, já que isso não demanda investimentos tão altos.

Vörösmarty também defende medidas mais simples e inteligentes para preservar a qualidade da água e a vida local, como proteger as planícies das inundações, em vez de construir reservatórios para controlar o fenômeno. O professor ainda cita outra medida, conhecida como “gestão integrada dos recursos hídricos”, que busca equilibrar as necessidades dos seres humanos e da natureza.

“Se você quer gerenciar melhor os recursos hídricos, terá de gerir conjuntamente a proteção da biodiversidade e a garantia de água potável para os homens” – Charles Vörösmarty.

Com os altos preços necessários para suprir a demanda por água potável nos países em desenvolvimento, essa seria a melhor forma de responder ao duplo desafio de estabelecer a segurança da água para os homens e a preservação da biodiversidade no mundo em desenvolvimento, acredita Vörösmarty.

Mas para colocá-la em prática, ele lembra que será preciso melhorar a gestão do uso do solo, as técnicas de irrigação e a ênfase na proteção dos ecossistemas. Também será fundamental apoiar a criação de protocolos internacionais capazes de proteger os mananciais, já que existem mais de 250 bacias hidrográficas em fronteiras de diferentes nações.

“É absolutamente essencial dispor de informações e ferramentas que podem ser compartilhadas entre as nações”, destacou o professor Vörösmarty. “Nosso conhecimento desses sistemas está se agravando progressivamente à medida que as nações deixam de investir no monitoramento básico, válido tanto para a quantidade e qualidade da água. Como podemos ter bons protocolos sobre a proteção da biodiversidade e da água potável sem boas informações?”, questiona.

Para ele, monitorar a água doce do mundo traria enormes retornos, capazes de evitar conflitos caros aos países, proporcionar a segurança alimentar e preservar as formas de vida do planeta. “E isso custaria míseros tostões de dólares”, conclui.

*Via EcoD.

             
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